Viscum album

O que é Viscum album?

Viscum album é uma planta medicinal, cujo habitat predominante é a Europa central, não ocorrendo naturalmente no hemisfério Sul. Essa planta é amplamente reconhecida por suas propriedades terapêuticas. Seu uso medicinal remonta a séculos, sendo conhecida desde a época de Hipócrates (460–377 a.C.), o pai da medicina. Já na Antiguidade, era empregada na Europa e na Ásia no tratamento de diversas doenças.
Sua primeira indicação para o tratamento complementar do câncer foi dada no início do século XX, por Rudolf Steiner, fundador da antroposofia. A médica Ita Wegman foi a primeira a prescrever Viscum album por via injetável subcutânea para pacientes com câncer, a partir de 1917 em sua clínica, em Zurique, Suíça.
Desde então, o uso injetável do Viscum album tem se difundido em vários países, consolidando-se como uma das plantas medicinais mais estudadas na oncologia integrativa. Há mais de 1.200 artigos científicos publicados sobre Viscum album, disponíveis em portais como o PubMed (pubmed.ncbi.nlm.nih.gov) e a Biblioteca Virtual em Saúde (bvsalud.org).
Nos últimos 50 anos, o Viscum album se tornou uma terapia complementar para o câncer mais usada na Europa.
Para quem é indicado o tratamento com Viscum album?
Viscum album é indicado para as pessoas com câncer – todos os tipos e fases do câncer, pois sua ação não é apenas direcionada ao tumor, mas ao organismo como um todo.
Suas principais ações são:
- Efeito antitumoral
- Efeito imunomodulador
- Estímulo à medula óssea para produzir glóbulos brancos e vermelhos
- Redução da dor
- Redução da fadiga ligada ao câncer e ao seu tratamento
- Melhora do bem-estar e da qualidade de vida
- Redução dos efeitos adversos da quimioterapia e da radioterapia (como náuseas, vômitos, cefaleia, depressão, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, irritabilidade e tontura)
Sobre isso, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Sociedade para Oncologia Integrativa (SIO) consideram útil o uso do Viscum album injetável (subcutâneo) para melhorar a qualidade de vida das pessoas com câncer. A Associação Brasileira de Cuidados Paliativos publicou em seus consensos que o Viscum album pode ajudar a reduzir a fadiga relacionada ao câncer. Também o Grupo Alemão de Ginecologia Oncológica considera que o Viscum album pode reduzir os efeitos adversos do tratamento convencional para o câncer.
- Ajuda na reparação de quebras no DNA que podem ter ocorrido durante quimioterapia ou radioterapia. Essas quebras podem levar a danos na imunidade ou até um segundo tumor
Assim, o Viscum album é indicado mesmo após a remissão completa, ou seja, mesmo quando o paciente já estiver livre da doença, para prevenir recaídas ou o desenvolvimento de uma segunda neoplasia primária. O motivo é que a ação do Viscum album não se limita ao tumor, mas abrange o organismo como um todo. Ele estimula a resistência imunológica e a autorregulação, protege contra os efeitos adversos do tratamento convencional e contribui significativamente para melhorar a qualidade de vida.
Há outras indicações do Viscum album, além do câncer?
Sim, o Viscum album também é usado para algumas enfermidades não tumorais, como:
- Tendência a infecções de repetição
- Hepatite C
- HPV (Papilomavírus humano)
- Doenças articulares, especialmente a osteoartrite
- Doença de Crohn e retocolite ulcerativa inespecífica
- Alguns casos de desvitalização e cansaço, que muitas vezes podem estar relacionados à chamada pré-cancerose, um estado que precede o aparecimento do câncer
Quais são as contraindicações ao uso do Viscum album?
São poucas as situações que contraindicam o uso do Viscum album:
- Febre – como o Viscum album estimula o sistema imunológico, sua aplicação em um paciente febril pode elevar ainda mais a temperatura. Portanto, não se recomenda o uso do Viscum album durante enfermidades febris agudas, como gripe, pneumonia, dengue e COVID-19.
- Tuberculose ativa sem tratamento e no hipertireoidismo descompensado também sem tratamento – são situações em que geralmente há febre baixa diária, e o uso do Viscum album não é indicado, pelo risco de intensificar a febre. A febre causada pelo câncer (“febre tumoral”) não é contraindicação ao uso do Viscum album.
- Alergia ao Viscum album – esse é um efeito imprevisível, antes de seu uso. Embora rara, uma reação alérgica pode ocorrer, como acontece com qualquer medicamento. Ela não deve ser confundida com a reação que habitualmente ocorre no local da aplicação do Viscum album (vermelhidão, leve coceira e discreta nodulação), que em geral dura de um a três dias e desaparece espontaneamente.
Há incompatibilidade entre o Viscum album e outros medicamentos?
Não há interações medicamentosas desfavoráveis conhecidas entre o Viscum album e outros medicamentos. Na maioria das vezes, Viscum album é usado concomitantemente à terapia convencional (quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, radioterapia etc.) e não prejudica esse tratamento. Ao contrário, o uso do Viscum album durante o tratamento convencional ajuda o paciente, reduzindo sintomas e melhorando a qualidade de vida.
Até o momento, nenhum estudo ou relato de caso identificou interações desfavoráveis entre o Viscum album e outras medicações ou terapias. Além disso, diversos estudos pré-clínicos e clínicos confirmaram a segurança do seu uso em associação com outros tratamentos. Portanto, a administração subcutânea do Viscum album pode ser realizada com segurança em paralelo ao tratamento convencional.
Como o Viscum album é usado?
Há duas principais formas de administração do Viscum album:
- Via subcutânea, em injeções geralmente aplicadas pelo próprio paciente, com frequência variável – determinada pelo médico – sendo, em geral, duas ou três vezes por semana. A injeção subcutânea é feita preferencialmente no abdômen, na coxa ou na região glútea
- Via endovenosa, pode ser feita em hospitais ou clínicas com área específica para infusão de medicamentos
Há também alguns estudos sobre o uso do Viscum album por via tópica, na forma de pomada e gel transdérmico. Em geral, a via oral não é utilizada, pois alguns componentes importantes do Viscum album são inativados pelo trato gastrintestinal.
Onde aplicar e onde não aplicar o Viscum album?

O abdome é o local preferencial para a aplicação subcutânea do Viscum album. Quando não é possível aplicar no abdome, pode-se aplicar na coxa ou na região glútea. Os braços, como têm em geral menos tecido subcutâneo, ficam como última opção.
Como há uma ação maior do Viscum album por proximidade, para os pacientes com tumores ou metástases inoperáveis, quando possível, pode-se fazer a injeção perto do tumor.
Deve-se evitar aplicar o Viscum album em locais inflamados e suas proximidades, na ferida cirúrgica, em local que recebe radioterapia e, especificamente no câncer de mama, evitar aplicar na mama e no membro superior do lado operado (em que houve a retirada dos gânglios linfáticos da axila).
Quais as possíveis reações ao Viscum album?
São dois grupos de reações que podem ocorrer com o uso subcutâneo do Viscum album: as reações desejáveis e as indesejáveis.
As desejáveis indicam que a terapia está sendo eficaz e ajudam o médico a encontrar a dose ideal para cada paciente. No local da injeção subcutânea pode haver uma reação inflamatória leve, evidenciada por vermelhidão, pequena nodulação, prurido e ardência locais. Tal tipo de reação é dose dependente e autolimitada, durando de um a três dias, em geral. Ela é mediada por determinados glóbulos brancos, os linfócitos T ativados e revela que há alguma resposta ao estímulo imunológico provocado pelo Viscum album.
Outra reação desejável é o aumento da temperatura corporal. Frequentemente no dia da aplicação do Viscum album, ou no dia seguinte, ocorre uma pequena elevação de 0,3 a 1 °C na temperatura corporal. Isso também evidencia a resposta imunológica do paciente.
Se essas reações forem muito intensas, ou de algum modo atrapalharem a rotina do paciente, a dose do Viscum album será ajustada pelo médico. A dose seguinte não deve ser administrada até que a reação inflamatória local de vermelhidão ou reação febril tenha desaparecido.
Deve-se evitar combater essas reações com antitérmicos ou anti-inflamatórios, mesmo os de uso tópico, pois são reações benéficas. Se houver muito incômodo, podem ser feitas compressas locais frias (não geladas), ou usar calêndula tópica na forma de gel, ou ainda chá frio de camomila.
As reações indesejáveis são pouco frequentes:
- Reações alérgicas (coceira generalizada, urticária, erupção cutânea, falta de ar)
- Tontura transitória logo após a aplicação da injeção
- Sintomas semelhantes à gripe, também transitórios
Quanto tempo dura o tratamento com Viscum album?

A duração do uso do Viscum album para o câncer varia conforme cada paciente, pois todo tratamento com Viscum é individualizado. Não há um protocolo fixo, rígido, aplicado a todas as pessoas. Cada médico encontrará a dose e a frequência adequadas para seu paciente individual.
Como linhas gerais, nos casos oncológicos, o Viscum album deve ser administrado de modo ininterrupto no início do tratamento, por um período de um a dois anos, com eventuais pausas de uma a duas semanas. Após essa fase inicial, a continuidade do tratamento dependerá da condição do paciente e da evolução da enfermidade. Pode ser necessário prosseguir com o uso do Viscum enquanto houver uma doença ativa, ou com a finalidade preventiva.
Em resumo, hoje se sabe que quanto mais tempo o paciente puder usar o Viscum album, maiores serão os benefícios terapêuticos.

Quais são os tipos de Viscum album e seus fabricantes?
Viscum album é uma planta semiparasita que cresce nos galhos de outras plantas, as chamadas árvores hospedeiras. Há diversos tipos de árvores que podem hospedar o Viscum album, como: abeto, amendoeira, bordo, carvalho, choupo, espinheiro-branco, macieira, salgueiro e tília. Nem todas as variedades de Viscum que crescem nessas árvores são usados para fins medicinais.
Atualmente, cinco fabricantes produzem Viscum album como medicamento antroposófico: um na Suíça, o Iscador®, três na Alemanha: Helixor®, Abnoba®, Iscucin® (Wala), e um na Áustria: Isorel®.
Todos esses medicamentos são elaborados por empresas comprometidas com altos padrões de qualidade. A principal diferença entre elas está no modo de preparo do medicamento, ou seja, na farmacotécnica empregada.
Onde saber mais: https://mistletoe-therapy.org/


Disponibilidade no Brasil
No Brasil, há duas farmácias que comercializam o Viscum album. Elas importam a tintura do fabricante na Europa e envasam o produto no Brasil:
Farmácia Injectcenter – Desde 2017, obtém o medicamento Iscador®, envasa e comercializa sob prescrição médica com o nome de “Viscum fermentado”, com quatro diferentes subtipos, de acordo com as árvores hospedeiras:
- Viscum fermentado Qu (proveniente do Quercus – carvalho)
- Viscum fermentado M (Mali – macieira)
- Viscum fermentado P (Pini – pinheiro)
- Viscum fermentado A (Abietis – abeto)
As ampolas têm 1 ml, com as seguintes concentrações: D1 (20 mg), D2 (10 mg), D3 (1 mg), D4 (0,1 mg) e D5 (0,01 mg).
Farmácia Health Tech – Desde 2020, importa a tintura de Viscum album da Helixor®, envasa e comercializa sob prescrição médica com as seguintes árvores hospedeiras:
- Viscum album M (Mali – macieira)
- Viscum album P (Pini – pinheiro)
- Viscum album A (Abietis – abeto)
As ampolas de 1 ml têm as seguintes concentrações: 0,1 mg, 1 mg, 5 mg, 10 mg, 30 mg e 50 mg.
Ambas as farmácias são idôneas e seguem as boas práticas de fabricação.
Qual a dose do Viscum album?
Não há uma regra fixa, ou um protocolo rígido, mas de modo geral, no tratamento complementar do câncer, o Viscum album é usado em doses progressivas, iniciando com uma dose mais baixa que aos poucos é aumentada. Nas indicações não oncológicas a dose costuma ser mais baixa. A frequência das aplicações varia de uma a três vezes por semana, ou até em dias alternados.
O médico ajustará a dose de cada paciente individual, baseado na sua necessidade clínica. Um parâmetro importante é frequentemente usado para o aumento da dose: a reação de vermelhidão no local da aplicação – em geral, se não há reação de vermelhidão, pode-se progredir para uma dose maior; se a reação é muito intensa, a dose deve ser reduzida. Outro parâmetro é a sensação de bem-estar, ou seja, quando o paciente refere se sentir bem com determinada dose.
Essas são, em linhas gerais, as premissas para o uso do Viscum album. As possíveis dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail, para os contatos
que há neste site.
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